O quão previsível somos
Há coisas que são tão fáceis de prever.
O horário que o ônibus passa, a hora certa de tirar o bolo do forno.
O quanto de açúcar em um café é suficiente.
São diversas coisas que são previsíveis ao nosso dia-a-dia.
Mas, quão previsível nós somos?
É tão fácil assim nos entender a ponto de prever falas e ações?
A minha conclusão é que não.
A não ser que seja alguém que o tenha permitido ser estudado.
Vejamos; Pode-se dizer a hora que sua mãe dirá que o jantar está na mesa, mas somente se a rotina dela permitir que isso aconteça.
A rotina nos tornou previsíveis.
Sempre o mesmo sorriso de praxe, sempre o nó na gravata, e na garganta!
Sempre o café queimando a língua e os olhos no relógio para não perder a hora.
Sempre a pressa de ir embora!
O constante desejo de chegar em casa e deitar-se a cama.
Ao sono, se derrama!
Se veste, se deita, não ama. Reclama!
É o fim e o início de mais um dia em que será facil prever os mais inconscientes movimentos.
Adormece e esquece o sofrimento, a frustração!
Queria sorrir, o cansaço diz não!
Estamos sempre perdidos em meio a nossas profissões, nossos afazeres, e nos tornamos tão previsíveis!
Tão insensíveis, descartáveis a nós mesmos como papel mil vezes dobrado esquecido no bolso.
Jogados uns pelos outros em mais uma esquina dessa via estreita.
A vida diz: Faz!
A gente? Aceita!
Passa e repassa, todos os dias a mesma rua, e os velhinhos? Ah.
São os mais capacitados para nos prever.
Tiveram a vida toda como eu e você.
E agora, aquela linda senhora cujas marcas no rosto não a deixam esconder sua idade, mostrou-me que a mente não acompanha o corpo na velhice.
Após uma conversa a minha mente aflita disse.
Não sejas descartável, desfaça essa rotina.
Aproveita, menina!
Faça diferente, seja o inesperado.
Previsível? Só a felicidade aqui do lado.
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